top of page

A Dor que não se vê



A 13 de janeiro assinala-se o dia Mundial de combate à Depressão. Habitualmente, nestas datas comemorativas instala-se uma espécie de espírito natalício de solidariedade. Contudo, nos restantes 364 dias falar nisso ainda é tabu ou, simplesmente, não se lhe dá a necessária importância.


Se alguém tiver febre, tosse, espirro, provavelmente, as pessoas dirão: "vá para casa descansar e curar essa constipação".

Mas a Saúde Mental ainda é filha de um Deus menor.


Talvez escrevendo em maiúsculas ajude: DEPRESSÃO É UMA DOENÇA CRÓNICA, que tira qualidade de vida e muitas vezes a própria vida.


Poderíamos falar de prevalência, de taxa de absentismo, de baixa produtividade e talvez assim os gestores levantassem o olhos das projeções financeiras, mas o carimbo de preguiça, fraqueza, fragilidade, coisa de gaja, ou pior, de louco continua lá.

E quando bate à porta, fala-se baixinho e esconde-se que se vai ao psicólogo, afinal ninguém pode saber.


Para se combater a depressão individual há que combater a ignorância patológica, social e empresarial, que leva a que se olhe de lado para uma dor que não se vê.

Então, por medo ou vergonha, a depressão mascara-se de Sr. Contente, de um sorriso falso, de um entusiasmo que esgota, de um grito para calar a dor.


Há mais de 800 mil suicídios por ano, a nível mundial e mais de 16 milhões de tentativas anuais. Em Portugal é a 2° causa de morte em população jovem (entre os 10 - sim leu bem - e os 19 anos).


E se a identificação ao ato pode ser usada como desculpa para não se falar e expor estas situações, então porque não explorar esta possibilidade para promover uma identificação à possibilidade de outras saídas, de soluções que evidenciam a conquista de bem-estar?


Sim, a depressão é uma doença crónica, mas há soluções que funcionam, há vidas que tomam novos sentidos. Mas só se pode mudar o que se conhece e o que faz parte de uma consciência individual e coletiva.


Enquanto não for encarada com seriedade e sem o estigma da fragilidade, continuarmos a contribuir para ver os números a subir no dia 13 de janeiro de cada ano.


by Helena Coelho, psicóloga @psicomindcare



135 views1 comment

Recent Posts

See All
bottom of page