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O trigo e o glúten



A propósito desta matéria ouvimos inúmeras opiniões, e não passam disso mesmo, fica então a minha reflexão.

Será que faz sentido basear toda a nossa dieta num só cereal?

Será que faz sentido procurar alimentos “sem glúten”?

Primeiro há que ter em conta a modificação dos alimentos e da nossa alimentação ao longo das últimas décadas, com uma agricultura baseada em monoculturas e depois produtos industrializados ricos em farinhas refinadas principalmente à base de trigo.

Essa adaptação forçada do nosso organismo implica necessariamente processos de desequilíbrios favoráveis a uma maior incidência de patologias.

Numa leitura mais atenta a dados epidemiológicos facilmente constatamos agravamento de distúrbios digestivos principalmente a nível intestinal.

A nível da gastronomia tradicional também encontramos uma maior diversidade no uso dos cereais e será essa a melhor resposta! Diversificar efectivamente a escolha alimentar. Não podemos ficar condicionados a uma variedade de marcas mas baseadas quase todas num cereal predominante e com esta nova tendência dos cereais “aspirantes” a integrais ou “integrais por decreto”, conceito que confesso ter alguma dificuldade de compreensão.

Ao retirar componentes importantes ao cereal, mesmo que depois adicione, este não terá deixado já de ser integral? Será quanto muito enriquecido em qualquer coisa.

Adiante, devemos então procurar fontes naturalmente isentas em glúten ou com tipo de glúten diferente e em menor quantidade, encontramos no trigo mourisco, espelta, na quinoa, na aveia, cevada, centeio, milho, arroz, estes últimos sem qualquer tipo de glúten.

Este aspecto do tipo e quantidade de glúten só é importante para quem apresente intolerância ao glúten!

Passo a explicar as diferenças do tipo de glúten, o trigo é a principal fonte de gliadina, proteína mais pesada e por vezes por vezes associada a digestão “pesada”, alterações no funcionamento do intestino, dilatação abdominal, e intensificação de sintomas de alergias, implicações em distúrbios auto-imunes. Os outros cereais possuem tipos de glúten diferente com menos impacto nestas manifestações.

Só dou razão às vozes que se ouvem a criticar as “modas”, neste aspecto e talvez aí estejamos em sintonia, não devemos em condições normais, procurar alimentos industrializados isentos de glúten mas sim alimentos naturalmente mais pobres em glúten, ou seja, variar nos cereais, porque afinal substituir alimentos industrializados por outros….

Ao criticar as tendências não devemos desconsiderar as legítimas preocupações com a saúde individual.

Jorge Martinho, naturopata @psicomindcare

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