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Quem nunca fez “vista grossa” perante uma dificuldade ou um problema?



A negação é um processo defensivo do ego em que, perante situações desconfortáveis, o individuo age como se nada tivesse acontecido. Como qualquer processo defensivo, o objetivo é impedir que o mal-estar invada o seu consciente, despertando pensamentos, emoções e sentimentos que se recusa a enfrentar.

Se algumas vezes a pessoa faz, conscientemente, “de conta” que nada aconteceu porque não quer enfrentar naquele momento o problema, na sua forma mais patológica este mecanismo defensivo é totalmente inconsciente, a ponto do indivíduo ficar indignado quando alguém lhe toca “na ferida”, estranhando as atitudes de quem o rodeia, que considera infundadas ou até profundamente injustas.

É um processo bastante comum em situações de luto não ultrapassado. Se a negação é uma reação normal perante o choque inicial do acontecimento, por vezes, em situação de perda de alguém que se ama a mente fica como que “parada no tempo” e a pessoa mantém os rituais habituais (por exemplo mantém o quarto igual), como se esperasse que a qualquer momento a pessoa entrasse, normalmente, pela porta.

Na infância, onde a realidade se mistura com a fantasia, a negação é perfeitamente normal, mas na adultez está relacionado com imaturidade e incapacidade de enfrentar a realidade. Segundo alguns autores, negar de forma sistemática os problemas estará na base do desenvolvimento da maioria das doenças mentais.

Se, por um lado, protege o ego, permitindo que este recupere e desenvolva algum conforto, não enfrentar a dor e as situações negativas de forma contínua poderá conduzir a uma forma de ser e de estar não real (alter-ego), a um certo embotamento afetivo e até à falência dos processos mentais. Patologias graves, com as psicoses, têm como mecanismo primário a negação da realidade objetiva.

Recordar (incorretamente) determinadas situações é a forma de negação que emerge com maior frequência em psicoterapia. A pessoa relata um acontecimento de uma determinada forma e, mais tarde, consegue aceder ao que realmente aconteceu, percebendo que o primeiro relato era uma construção defensiva, inconsciente, que resultava do mecanismo de negação.

Helena Coelho, psicóloga @Psicomindcare

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