PP Borderline - a dor autodestrutiva
- Helena Coelho
- 4 days ago
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A Perturbação da Personalidade Borderline (PPB) não é um mero desvio comportamental; é a alma a residir numa fronteira onde a melodia da vida é tocada numa escala de intensidade máxima. É a experiência de quem foi dotado de um sistema emocional sem pele, captando todas as vibrações do mundo como se fossem trovões pessoais.
🎭 O Espelho Quebrado do Self
A pessoa com PPB possui uma identidade de areia movediça. Não há uma estátua sólida do Eu, mas sim um caleidoscópio febril que se estilhaça e recompõe a cada ocorrência exterior. Esta é a génese da ferida do vazio: uma câmara de eco existencial, onde a ausência de um self coerente é sentida como uma fome insaciável de validação e uma sede de ser.
🔥 A Fornalha das Emoções
As emoções não são ondas que vêm e vão, mas marés-mortas e tsunamis. A alegria ascende ao êxtase vertiginoso; a tristeza, ao desespero ciclónico; a raiva, à combustão nuclear. Não há filtros intermédios; o afeto é um fogo que arde sem moderação, transformando o estímulo mais pequeno numa revolução. Uma desregulação afetiva tirana.
⛓️ A Dança dramática
Os relacionamentos são a arena onde o drama interior se projeta. O outro não é apenas um parceiro; é o ancoradouro que impede a dissolução, OU o carrasco que representa o abandono. A famosa clivagem é a forma como a mente, em pânico, tenta simplificar um mundo insuportavelmente complexo: o objeto de amor é instantaneamente transformado de mágico e protetor, a sombra devoradora do afeto.
O terror do abandono não é apenas o medo de ficar só, mas sim a certeza de que a conexão perdida equivale à extinção do próprio ser, forçando-o a atravessar pontes de desespero e impulsividade para o evitar.
A PPB é, portanto, o grito daquele que sente demais num mundo que exige contenção.
O caminho terapêutico é o de ensinar este ser a construir o seu próprio continente interno, encontrando moderação sem silenciar a sua fantástica capacidade de sentir.
Helena Coelho
Psicomindcare
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