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Os manipuladores emocionais: saiba como (re)conhece-los



A manipulação emocional está associada, regra geral, a transtornos de personalidade. Não se considerando um quadro clínico sintomatológico (não há sintomas característicos), no diagnóstico deste tipo de transtornos importa atentar aos comportamentos ou à ausência deles.

A severidade e o tipo varia, podendo ir da recorrente chantagem emocional, por exemplo, com familiares e amigos, à psicopatia - situação bem mais grave em que há uma ausência total de empatia. Os psicopatas são pessoas "frias", calculistas e totalmente alheios aos sentimentos dos outros.

As pessoas manipuladoras podem ser (superficialmente) simpáticas, afáveis e muito prestáveis, em particular, quando há algo que querem. Se não conseguem os seus objectivos podem-se tornar cruéis e magoar, sem sentirem culpa, quem se atravessa no seu caminho. São, regra geral, pessoas bastante temperamentais, têm limites muito frágeis e não conseguem conviver com a perda.

No outro polo, temos comportamentos excessivamente austeros, rígidos ou de intolerância à diferença e duma frieza emocional, levada ao extremo. Os tendencialmente narcísicos, consideram-se únicos, de excelência, "os melhores". Podem ser bastante galanteadores e conseguem mobilizar uma legião de seguidores e de fãs. São pessoas totalmente centradas em si e nas suas necessidades. Alguns líderes: políticos, de seitas religiosas e CEO's (bem conhecidos do público) enquadram-se estruturalmente neste tipo de personalidade.

Ficam alguns exemplos de comportamentos que são característicos dos vários tipos de transtorno de personalidade:

  • quando algo não é do seu agrado ou não corre conforme esperado, choram, são exageradamente teatrais ou armam uma discussão (são os "coitadinhos"), tentando apelar ao sentimento de culpa e às emoções do seu interlocutor;

  • para eles a vida é "tudo ou nada", "branco ou preto", "bom ou mau", não há meio termo. Num momento podem estar muito alegres e divertidos, para no momento seguinte (se algo não lhes corre de feição) explodirem violentamente. Hoje você pode ser bestial, para amanhã passar a besta e no dia seguinte passar novamente a bestial se lhe satisfazer os seu propósitos;

  • não "aprendem com os erros" e sistematicamente incorrem no mesmo tipo de situações negativas. Por exemplo, têm frequentemente multas por excesso de velocidade, em situações similares ou envolvem-se, recorrentemente, em situações de adultério mesmo sabendo que podem comprometer a relação amorosa/conjugal. Têm um total desrespeito pelas regras; só fazem o que querem, quando querem, correndo riscos e sofrendo penalizações sistemáticas;

  • gostam de ostentar e exibir as suas "qualidades" ou o que possuem. Vão ao "melhor médico, têm o "melhor gadget", têm a "melhor equipa". O seu discurso é pleno de referências na primeira pessoa ou de exemplos próprios. São elitistas, sentem-se superiores aos demais e não têm qualquer problema em dispensar que não lhes interessa. Funcionam na base de "se não está comigo, está contra mim".

Tenha presente que os exemplos indicados não são exaustivos, nem devem ser tomados como referencial avaliativo e sim informativo. Todos nós, algures no nosso percurso de vida ou em alguma situação mais difícil, já reagimos algo idêntico ao que foi enunciado. O que torna um comportamento patológico é o seu padrão regular, a severidade e a frequência do mesmo, e não a sua ocorrência ocasional.


Helena Coelho, psicóloga @Psicomindcare

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