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PHDA: e se os pais não quiserem medicar?



A PHDA – Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é uma perturbação ao nível do neuro-desenvolvimento e é considerado um dos transtornos mentais mais comum em idades pediátricas.

Esta perturbação caracteriza-se por alterações nas funções executivas e no córtex pré-frontal, sendo reconhecida pelos níveis deficitários de atenção, pela forte impulsividade e em alguns casos pela persistente inquietude motora. Tem um impacto negativo na qualidade de vida das crianças/adolescentes, afetando o desempenho escolar, o funcionamento social, as relações interpessoais e, consequentemente, a sua auto-estima e o seu auto-conceito. Estas crianças têm uma enorme dificuldade na regulação emocional, agem antes de pensar e isso tem implicações na sua vida e no seu desempenho diário.

É muito comum os pais tentarem encontrar uma causa que justifique esta perturbação e a sentirem-se culpados, pois tendem a acreditar que é fruto dos seus erros na educação do seu filho. É necessário informar e tranquilizar estes pais, pois não existe uma causa única que condicione o aparecimento desta perturbação. Existe uma predisposição genética por parte da criança, que em determinados contextos de vida e sob a influência de determinados padrões relacionais e ambientais pode vir a despoletar esta dificuldade de se concentrar e de se auto regular. Desta forma podemos dizer que a PHDA tem uma causa multifatorial, ou seja, biopsicossocial.

Tratamento farmacológico

O tratamento desta perturbação é fortemente baseado em intervenções farmacológicas com psico-estimulantes, que atuam diretamente na diminuição dos sintomas centrais da PHDA, como a desatenção e a impulsividade, mas não há ainda evidências suficientes que nos indiquem melhorias ao nível dos relacionamentos estabelecidos com os pares e com a família, que são muitas vezes as grandes dificuldades dos indivíduos com PHDA. Por outro lado, ainda se desconhece, em grande parte, os impactos que futuramente a medicação poderá ter. Então, apesar de a eficácia da medicação ser reconhecida, deve existir espaço para uma intervenção que incida não apenas nos sintomas centrais, mas também nos comportamentos sociais e emocionais, até porque normalmente existem comorbilidades que devem ser tidas em linha de conta e devem ser intervencionadas.

O que diz a ciência?

Vários estudos têm revelado a eficácia do treino cognitivo e existe atualmente, evidência científica que nos aponta para resultados bastante positivos e melhorias significativas num curto espaço de tempo. O treino cognitivo tem como principal objetivo otimizar os níveis de habilidade da atenção, promovendo a melhoria no desempenho das atividades diárias no geral.

As intervenções psicossociais, que incluem o treino cognitivo e técnicas para promoção de aprendizagem e alterações comportamentais, são as mais abrangentes e têm contribuído para a um melhor desempenho das funções cognitivas e de autorregulação, com bom resultados tanto ao nível académico como nas relações interpessoais, contribuindo para dinâmicas familiares mais positivas.

Não chega intervir na atenção! O treino de competências sociais e emocionais, o treino comportamental e em algumas situações o treino parental, pode tornar a vida destas crianças e das suas famílias muito mais simples e feliz!

Susana Simões, psicóloga na Psicomindcare para @UptoKids

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