O sujeito narcísico entende que tudo o que ele vê é tudo o que existe. “Sou só eu e mais nada!”
Há uma negação e distorção da realidade, conforme é conveniente ao próprio.
A culpa nunca é sua, mas do outro, que não é reconhecido mas idealizado.
Com arrogância afasta o outro, o que acaba por se virar contra si próprio pois a situação criada torna-se insuportável. Com isso vivencia inveja, anulando assim o que sente no outro para que não enfrente o vazio. Ou seja, destruir algo que se deseja, mas que não se tem condições de ter.
Compensa esse sentimento de falta confundindo o interno e o externo, o “eu” e o outro, logo, verifica-se uma extrema dificuldade em desenvolver uma relação afectiva, em empatizar, criando-se um padrão instável ao nível dos relacionamentos sociais.
Se por um lado o narcísico acredita que quem o rodeia não o entende nem o valoriza devidamente, por outro, reconhece que os outros o acham pretensioso e isso agrava a sua relação com o mundo.
É vulgar existirem muitas pessoas com personalidade narcísica “colecionadoras” de títulos académicos. Aqui a capacidade intelectual não está relacionada com a capacidade emocional. Aliás, o afecto é percepcionado como falta e por isso este sujeito defende-se, habitualmente, através de mecanismos que lhe permitem “esconder” tal falta.
O exibicionismo, esse investimento ilusório e grandioso, surge como tentativa para se ser reconhecido e também para evitar a depressão. Ou o sentimento de depressão. Porque experienciar tal sentimento remete-o para o desamor, para o vazio interno que para si é negro e ruinoso.