Muitos aguardam meses por este período do ano para sentirem os cheiros, o brilho e a magia tão diferentes de quaisquer outros momentos. Contudo, para muitas outras pessoas esta é uma época emocionalmente mais desafiante; se já o é em anos tidos como “normais”, quando atípicos e com prejuízos variáveis, o nosso estado de humor tende a alterar-se significativamente.
Com uma pandemia que alterou, em todos nós, rotinas e formas de viver, não será de estranhar que a quadra natalícia incremente a incerteza, angústia, stress, ansiedade, depressão, já instaladas desde Março. Porque com restrições e gostando-se mais ou menos desta época, é difícil ficarmos indiferentes aos estímulos e a certas obrigações do Natal.
Então, que estratégias podemos utilizar para lidar o melhor possível com este período festivo , sem que o nosso estado emocional fique mais fragilizado perante um maior número de solicitações para dar e receber e, em muitos casos, frustração por não se conseguir dar resposta a todas as exigências destes dias, incerteza, stress e ansiedade antecipatória? Para mantermos o nosso estado mental flexível, que tal experimentar:
Não assumir para si tanta exigência ou pressão e recusar o que para si não é importante, prioritário ou possível;
Manter as expectativas ajustadas à realidade deste ano diferente e crer que é cada um de nós que controla o (seu) Natal, ao mesmo tempo como anfitrião e convidado, de acordo com a sua vontade e possibilidades e não são os apelos externos da quadra festiva que regulam o Natal de cada um;
Aceitar que a celebração deste ano é a que é possível realizar, assumindo-a como uma experiência diferente, mas que nem por isso deixará de integrar o conjunto das vivências natalícias a que possamos estar acostumados;
Cuidar que manter-se em segurança e proteger outros entes queridos é, por si só, elementar do que se entende como “espírito natalício” e o que ao alcance de cada um de nós pode ser feito, para garantir a continuidade das celebrações natalícias nos anos que se seguirão;
Recorrer a velhas e novas formas de manter contacto à distância com quem nos é importante e, por que não, desenvolver passatempos, jogos com essas pessoas, por estas vias;
Conceder que a tristeza faz parte das nossas emoções e se nos permitirmos expressá-la nos momentos em que nos confrontamos com perda ou frustração, então ela não tem de ser, necessariamente, negativa, mas um passo para integrar a situação e nos posicionar noutra fase em que estaremos mais “robustos” perante estas e outras vicissitudes;
Dedicar tempo a si próprio(a), ao seu bem-estar. Relaxe e concentre-se no “aqui e agora”
A regulação emocional condiciona a qualidade da nossa existência e só depende do nosso investimento pessoal atribuir sinal vermelho, amarelo ou verde à satisfação das nossas necessidades psicológicas que, não poucas vezes, interferem no bem-estar físico e também inter-relacional.
Alice Patrício, psicóloga clínica @psicomindcare
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